O Desenho Infantil

                                                                                                                                                                    Por Marina Soares

 

 

Falar sobre o desenho infantil é falar em desenvolvimento, aquisição de conhecimentos, construção de conceitos, organização de idéias, formulação de opiniões, capacidade intelectual e de comunicação e muito mais. A riqueza do grafismo infantil possibilita à criança não só o prazer em desenhar, mas também todos esses aspectos abordados acima.


A criança quando brinca, deixa sua marca, inventando jogos, contando histórias, dançando e cantando, mas ao desenhar ela constrói um espaço ao seu redor como se fosse um jogo de criação, no qual desenha algo para poder brincar com ele. Não há nada melhor para se conhecer uma criança, senão ouvindo-a e tomando o cuidado de falar-lhe adequadamente. Observá-la é fundamental para que possamos entendê-la e nada melhor do que vê-la desenhando/brincando.


A maneira como a criança desenha seu espaço e como conta suas histórias diz muito sobre ela, pois para este pequeno ser, o desenho é a sua linguagem e sua primeira escrita. Nele são mostrados seus medos, inseguranças, ansiedades, alegrias e descobertas.

 

Em determinadas fases, a criança ainda não possui uma compreensão intelectual que lhe permita expressar-se adequadamente, mas através do seu desenho, isto lhe é possível. Ela se modifica e é modificada ao desenhar, sofre transformações que lhe propiciam o seu desenvolvimento cognitivo e a percepção do mundo que a rodeia de forma criativa.


A teoria evolutiva do ser humano afirma que o homem possui a capacidade de pensar, meditar, ter idéias, criar, aprender e transformar. O homem tem necessidades de transformar tudo, segundo suas inclinações e/ou necessidades e transmite essas características ao longo das gerações posteriores.


Existem várias teorias que tentam desvendar o processo de desenvolvimento da criança e cada uma delas têm práticas educacionais diferenciadas. A proposta aqui presente é a de observar e perceber como a criança encontra significações enquanto desenha, em quais fases de desenvolvimento ela se encontra e como passa de um estágio para outro.Podemos dizer que essa manifestação durante a infância acontece de forma simples. A criança usa círculos, quadrados, triângulos, imagens de funil, etc. Mesmo quando um tipo de desenho simples é apresentado por um adulto, a criança o transforma de modo peculiar e surpreendente. Ao desenhar, ela constrói, registra, organiza, expressa seus sentimentos, estabelece parâmetros de noções de tempo e espaço, desenvolve princípios básicos de estética, faz conexões de informações e amplia sua visão sócio-cultural.


Na faixa dos 3 até 5 anos, elas não são capazes de conceber a escrita como um meio de se recordar de algo. Somente aprendem formas externas quando imitam o adulto. Mas, antes disso, ela brinca com seus grafismos sem perceber que eles lhe servirão para o desenvolvimento da sua personalidade, criatividade, consciência moral e concepção de vida, ou mesmo para o “projetar-se para o futuro”.


No atual ensino, a cooperação social é um dos elementos importantes e também agentes formadores da gênese infantil. Este é um conceito que o educador deve ter em mente ao olhar seus alunos. É importante deixá-los à vontade para que se expressem individual ou coletivamente. Quando a criança começa a utilizar elementos tais como os gráficos universais, ela percebe que pode comunicar-se, entrar em contato com os outros. É um processo de comunicação, de função social.

 

A evolução dos seus desenhos se faz por etapas e pode variar conforme o estado da criança. Uma criança com raiva, por exemplo, irá rabiscar com energia; a triste ou angustiada expressará seus desenhos com traços negros ou barras riscando o que acabou de produzir. Isso é apenas um indício, pois nunca se deve interpretar um desenho isoladamente, ou fora do seu contexto.


É de extrema importância que o educador tenha um “olhar pensante” em relação aos seus alunos, principalmente no que se refere ao desenho infantil. Infelizmente a escola se preocupa mais com a linguagem ensinada do que com a linguagem natural dos pequeninos, que é o desenho. Daí a necessidade de se investir primeiro na educação do educador, pois sem isso as crianças perderão o seu dom natural mais belo de se comunicar e expressar.


O papel do educador deve ser o de orientar, levar, mediar, encaminhar o aluno às descobertas que o mundo lhe oferece, ampliando suas capacidades e potencialidades e estabelecendo princípios que nortearão estas conquistas. Respeitar suas individualidades e seu processo de desenvolvimento, mostrar a beleza das coisas, incentivar a estética e motivar são meios de auxiliar as relações que a criança vai estabelecer entre as suas conquistas e descobertas.


Se o ser humano não estiver aberto para as mudanças que a vida lhe imporá, se não estiver apto para interagir, ou não estiver em sintonia com o que acontece ao seu redor, sua vida será desgastante e sem brilho. Os conhecimentos não podem ser somente aqueles que aprendemos de forma imposta; os naturais ou aqueles que parecem nascer com o ser humano são igualmente importantes e não devem ser esquecidos.


Pais e educadores têm uma responsabilidade grande em incentivar e não deixar morrer a linguagem do desenho para que o mundo possa ser mais belo, transparente e verdadeiro, pois muito da sensibilidade humana vem deste magnífico meio de comunicação. 

 

 

 

* Ref. Bibliográfica:

 

SOARES, Marina Lisboa. O Desenho Infantil. Flórida Review, Miami /FLA- USA. Seção Educação, ano18, n.353, p.18, 01 ago 2003.

 

 

 

 

Marina Lisboa Soares

Pedagoga / Habilitação em Or. Educacional – Ênf. em RH. / Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

E-mail: contato@mlspsicopedagogia.com

 

 

 

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